Apresentado Projeto Aldeias da Serra do Caramulo
19.04.2018 |
Onze aldeias serranas do Caramulo, pertencentes a três concelhos do distrito de Viseu afetados pelos incêndios de outubro de 2017, vão servir de base à criação de programas de turismo de natureza que as valorizem.
Aldeias da Serra do Caramulo é o nome do projeto, orçado em 1,8 milhões de euros, que hoje foi apresentado publicamente, depois de ter sido candidatado pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões ao programa Valorizar.
“Hoje, a Serra do Caramulo já tem produtos de excelência, mas falta-lhe criar uma rede que possa potenciar uma escala agregadora. Esse é o primeiro objetivo deste projeto, alavancando a partir daí a disseminação de outras áreas de crescimento e desenvolvimento”, explicou o presidente da Câmara de Tondela, José António Jesus.
Adsamo, Cambra, Covas, Couto e Vila Nova, no concelho de Vouzela, Carvalhal da Mulher, Jueus, S. João do Monte e Teixo, no concelho de Tondela, e Bezerreira e Covelo de Arca, no concelho de Oliveira de Frades, são as aldeias envolvidas no projeto.
“Este é o arranque de um processo que não se deve esgotar nestas aldeias. A partir delas, queremos ramificar e consolidar um produto estruturado da Serra do Caramulo”, frisou o autarca de Tondela.
A aposta do projeto está centrada no turismo de natureza que valorize estas aldeias, envolvendo as populações e os agentes que já estão no terreno.
Está prevista a criação de dois projetos âncora, nomeadamente uma grande rota pedestre de interligação da rede de aldeias e de três percursos cicláveis de ligação entre as ecopistas do Dão e do Vouga, a Serra do Caramulo, as vilas de Vouzela e Oliveira de Frades e as cidades de Tondela e Viseu.
A recuperação arquitetónica das aldeias, com intervenções em telhados, fachadas, calcetamento, mobiliário urbano e sinalética, é outra das medidas.
“É um projeto inovador. Todo o nosso interior precisa da capitalização de pessoas e estamos certos de que este projeto, acima de tudo, vai permitir atrair à nossa bela região gente de outro território, não só nacional”, considerou o presidente da Câmara de Oliveira de Frades, Paulo Ferreira.
O presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira, lembrou que só numa das aldeias abrangidas pelo projeto o incêndio fez quatro vítimas mortais, sendo muito importante “também dar esperança às pessoas” que foram afetadas.
“Encontrámos aqui um momento para poder dar esperança às pessoas que vivem nestas aldeias e às pessoas que têm lá origens, mas estão fora, e com este projeto podem encontrar uma nova forma de voltar à sua aldeia e ter a sua área de negócio”, frisou.
Na sua opinião, não há motivos para que este projeto – que poderá ser financiado até 85% – não seja aprovado no prazo de três meses.
José António Jesus disse ser fundamental que “haja recetividade política para a sua aprovação”, porque “uma coisa é contribuir com a componente nacional do cofinanciamento, outra é ter capitais próprios dos municípios para atingir o valor de 1,8 milhões de euros”.
O presidente do Turismo Centro de Portugal, Pedro Machado, salientou o facto de este projeto “contribuir para combater o despovoamento dos territórios”.
“Além de criar riqueza, de estruturar produto, de aumentar a atratividade turística, nós estamos a ajudar o país a resolver um problema. Portanto, o país não pode virar as costas ao projeto”, considerou.
José António Jesus disse que, se for aprovado, o projeto “terá um incremento mais físico no primeiro ano, mas irá alongar-se durante dois anos, para poder ter estruturação ser projetado”.