Ministro Eduardo Cabrita demitiu-se

03.12.2021 |

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, demitiu-se hoje, na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.

Numa declaração aos jornalistas, em Lisboa, onde fez um balanço do seu mandato, Eduardo Cabrita referiu-se ao acidente que provocou a morte de um trabalhador na autoestrada dizendo que “mais do que ninguém” lamenta “essa trágica perda irreparável” e deixou críticas ao “aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal”, algo que disse ter observado “com estupefação”.

“É por isso que hoje não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o primeiro-ministro, ou mesmo contra o PS. Por isso entendi solicitar a exoneração hoje das minhas funções de ministro da Administração Interna ao senhor primeiro-ministro”, disse o ministro demissionário.

Eduardo Cabrita sustentou que “só a lealdade, o tempo e as circunstâncias” que Portugal enfrentou há seis meses e “só a solidariedade do primeiro-ministro” determinaram que prosseguisse “o exercício durante este verão tão difícil”.

“Agradeço absolutamente ao primeiro-ministro, António Costa, a oportunidade de partilhar estes seis anos de dedicação intensa à causa pública. Por todos estes quatro anos que me tornaram, desde há alguns dias, o ministro da Administração Interna com o mais longo mandato em democracia”, frisou.

Eduardo Cabrita considerou o Ministério da Administração Interna um “ministério particularmente difícil e sujeito diariamente à incerteza e ao imprevisto”.

O ministro demissionário agradeceu a “solidariedade e o apoio pleno” do primeiro-ministro, além de ter dedicado “uma palavra especial” aos secretários de Estado com quem trabalhou ao longo destes seis anos e manifestado um “profundo reconhecimento” aos elementos das forças e serviços de segurança e estruturas de proteção civil.

“É com profunda convicção que desejo ao primeiro-ministro, António Costa, e a todo Governo as maiores felicidades e o maior sucesso na difícil missão que continuarão a desempenhar no controlo da pandemia, recuperação da economia e criação de condições para que Portugal tenha um quadro de governabilidade que permita formar um caminho mais justo e solidário”, disse.

No início da declaração, Eduardo Cabrita afirmou que assumiu funções como ministro da Administração Interna em outubro de 2017, depois dos incêndios florestais desse ano que vitimaram mais de 100 pessoas, e “num contexto particularmente difícil” para o país.

“Desde então tenho trabalhado intensamente para assegurar que Portugal é um país seguro nas suas várias dimensões”, disse, dando conta dos resultados obtidos nos últimos quatro anos em matéria de incêndios e segurança.

Eduardo Cabrita destacou ainda a resposta dada à pandemia de Covid-19 em que o Ministério da Administração Interna assumiu a responsabilidade das medidas do estado de emergência.

Após esta declaração, o primeiro-ministro, António Costa, disse ter aceitado o pedido de demissão de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna e que “nos próximos dias” indicará o nome do sucessor.

O motorista do carro onde seguia o ministro da Administração Interna e que atropelou mortalmente um trabalhador na A6 foi acusado de homicídio por negligência, segundo despacho de acusação do Ministério Público hoje conhecido.

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