Peça de teatro premiada com lotação esgotada na Cortiçada

O Club Desportivo Piedadense (CDP) da Cortiçada celebrou oficialmente 75 anos de existência em 2015 e, embora na sua origem tenha estado a prática de futebol no Campo da Nossa Senhora da Piedade, o teatro amador acabaria por ser uma atividade emblemática da associação ao longo de décadas. Muitos foram os talentos, da aldeia e não só, que marcaram gerações de espetadores com momentos hoje recordados com nostalgia. 

Há alguns anos que o velho palco do CDP não era utilizado para espetáculos teatrais. Neste sábado, dia 18, o Grupo Dramático e Recreativo da Retorta, de Valongo, apresentou para uma sala cheia a peça “Óculos de Sol – Um Cocktail Estereofónico”. Da autoria de Laura Ferreira,  a peça arrecadou vários prémios, de entre os quais o Prémio Ruy de Carvalho para Melhor Espetáculo no Concurso Nacional de Teatro (CONTE) de 2015 e o Prémio Europa 2015 para Melhor Espetáculo Europeu de Teatro Amador atribuído pela Confederación Escenamateur (Espanha).

A receita do cocktail era a seguinte:

“Junte uma quantia generosa de uma governanta difícil e intransigente (mas deveras sensual) e de uma viúva negra e autoritária, que bebe às escondidas;

Adicione lentamente outra quantia generosa de um irmão tolerante e apaziguador (que gosta de saldos e promoções) e tempere, sem receios, com uma irmã esquecida, temperamental, que troca palavras e não gosta nada de tomar banho;

Junte à mistura uma quantia ainda mais generosa de uma rapariga ingénua, doce, que caminha aos saltinhos, adora passarinhos e música romântica;

Misture tudo até formar uma amálgama uniforme e bem familiar.

 (Agora, muita atenção, os ingredientes seguintes são indispensáveis para obter um resultado surpreendente!)

Adicione, sem medo, com vigor e inspiração q.b.:

Um sacana do mais alto gabarito, porém irresistível e, ainda por cima, com sotaque;

Uma adolescente perspicaz, leal e rápida como um tiro;

Uma solteirona burlesca, com um sotaque surpreendente e temperamento gourmet;

Uma espanhola que se esquece de falar espanhol, que lê as cartas e adivinha umas cenas;

Um enfermeiro tímido, poeta, sonhador e meio gago;

E, por fim, um Padre faminto, atolambado e sobretudo muito cómico.

Envolva tudo muito bem; polvilhe com óculos de sol e um nadinha de óculos de ver;

Salpique com música antiga e sirva com uma luz cheia de pinta.

Agora sente-se e relaxe…”

E, no final do espetáculo, a plateia aplaudiu com satisfação num sinal evidente de que a receita tinha funcionado.

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